É tudo mentira,
os dedos amarelos que seguram o cigarro, mais anemia do que tabaco,
os lábios carnudos vazando em vermelho, mais sangue do que batom,
o perfume caro afogado em suor, os cheiros todos de abraços e mãos e copos vazados, o perfume de presença antiga, de ausência,
não se bebe em público com o mesmo pudor de quem não chora por vergonha,
de quem não ter mais uma alma pra perder e vai,
vai mesmo assim,
vai de qualquer jeito,
sorrindo de braços e pernas cruzadas,
o pescoço distante demais dos ombros,
e ainda assim
vai,
mas não é um corpo em desordem que esconde uma alma acuada,
as coisas estão todas lá
pra quem tem paciência de ler, as linhas de sal nas bochechas,
o sono perdido que se acumula nos olhos,
as horas de angústia emaranhadas nos cabelos,
está tudo lá pra quem sabe ler,
e ainda assim
pagamos um drink
e esquecemos da palavra que o silêncio pede.
.
.
.
(Achei um log do MSN largado por aqui, e eis que encontrei uma brincadeira entre amigos, resolvi então postar a parte que me coube.)
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Um comentário:
Já te disse como gosto das coisas que escreve...não comentei no post do topo da pagina, por que o comentário da May me inibiu...
Só queria dizer...ou redizer...Te admiro!
^^
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